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Review: Janelle Monáe escrutina o desejo em “The Age Of Pleasure”

Lançado nesta sexta-feira, 09/06, quarto álbum de estúdio da multiartista explora a liberdade individual em narrativa hedônica e experimentações rítmicas

A moralidade nunca foi bem o norte de Janelle Monáe, que em seu mais novo álbum de estúdio, “The Age Of Pleasure“, lançado nesta sexta-feira, 09/06, mergulha em uma odisséia pelo prazer em mais um trabalho singular e rico em experimentações.

Sucessor do icônico “Dirty Computer” (2018), que explorou uma produção através de um viés mais futurista, “The Age Of Plasure” bota o pé no freio para contemplar o presente em um passeio hedônico e libertador diferente de tudo o que Monáe já fez.

Foto: Divulgação

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Faixa a faixa: Janelle Monáe provoca oásis de prazer em veranil “The Age Of Pleasure”

Desde o lançamento do arrebatador “Dirty Computer” (2018), Janelle Monáe passou um tempo focada em sua carreira como atriz — sendo seu papel em “Glass Onion: Um Mistério Knives Out” (2022) seu maior destaque. Apesar do reconhecimento, Janelle retornou para o estúdio e quebrou o jejum com o primeiro single de “The Age Of Pleasure”, “Float“, lançado em fevereiro deste ano.

O afrobeat em colaboração com o nigeriano Seun Kuti e a banda Egypt 80 abre o novo álbum em um ritmo contagiante e gracioso. Ele é seguido por “Champagne Shit“, um hip hop que nos teletransporta para uma praia paradisíaca e é seguido em uma transição suave para o interludeBlack Sugar Beach“, que acelera para um ritmo mais energético do afropop logo no início do trabalho.

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A confiante “Phenomenal” conduz o disco em um linebass sensual explorando os vocais como apoio instrumental e desemboca em “Haute“, em que Janelle Monáe arrisca no rap e até referencia David Bowie em um dos versos. “Ooh La La” reduz o tempo para um reggae interlúdico, que ganha uma participação de Grace Jones falando francês para anteceder “Lipstick Lover“, segundo single de “The Age Of Pleasure” em um oásis de amor, prazer e sensualidade — nessa ordem.

The Rush” explora mais a potência vocal de Janelle Monáe junto a uma base dedilhada de acoustic guitar em um dancehall e antecede “The French 75“, que bebe da fonte musical jamaicana em mais um interlude antes da contemplativa “Water Slide“. Ela prepara o terreno para “Know Better“, que traz como sample as famosas cinco notas de “Darkest Light“, de The Lafayette Afro Rock Band.

Paid in Pleasure” introduz o fim do disco em mais um reggae com força de single em uma referência direta ao conceito do trabalho, mas é a romântica “Only Have Eyes 42” que se destaca na tríade de encerramento em uma narrativa de redenção e certa vulnerabilidade não-monogâmica antes de chegar em “A Dry Red“, que fecha “The Age Of Pleasure” com a energia de um romance de verão.

Imerso em experimentações rítmicas — que funcionam em umas vezes, e outras não — e uma narrativa que explora os corpos, Janelle Monáe vai além da referência ao hedonismo com “The Age Of Pleasure” e faz um trabalho honesto de autodescoberta, apesar da distância com o afrofuturismo e R&B trabalhado no disco anterior. Aqui, a busca é pela vivência presente e igualmente volátil — o que explica a duração de apenas 32 minutos do álbum em faixas curtas —, como uma nova era para o prazer individual e coletivo através da liberdade e da autoconfiança de não se levar tão a sério.

9,0/10

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