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Análise: Yeezy x Balenciaga: o futuro da música não está mais na própria música?

Kanye West (Ye), fundador da Yeezy

Celebridades nunca foram somente celebridades em seus nichos. Provavelmente, desde a época da atriz Marilyn Monroe (que se tornou um ícone para sua década e inspira pessoas até hoje), vimos que um bom artista não é aquele que se destaca somente na sua indústria, mas o que sabe expandir e furar sua bolha. Nesse aspecto, Ye (Kanye West) é o novo destaque da vez. Na última semana, foi anunciada uma das principais collabs de 2022: Yeezy x Gap x Balenciaga. Ye, que já tem um contrato assinado de uma década para trabalhos do tipo, agora se reúne a uma das maiores potências fashion dessa geração, o designer Demna Gvasalia.

O lançamento da coleção está previsto para junho deste ano, o que promete consolidar (ainda mais) os Estados Unidos como verdadeiro polo criativo da moda, na frente à corrida com grifes europeias, como a própria Chanel, Gucci, Prada e outras.

O rapper e empresário sempre teve os pés bem fincados na moda, lançando sua própria linha em 2015, sua principal referência sendo a moda streetwear. E também não é de hoje que seu nome é um dos mais citados. Para se ter uma ideia, além de ter seu nome cotado para substituir Virgil Abloh na direção da Louis Vuitton, a Yeezy já ultrapassou a Chanel entre as mais reconhecidas no mercado – um marco impulsionado por sua presença online, com um engajamento invejável para qualquer time de marketing. Nesse aspecto, o faturamento que é obtido com a venda para fãs já tornou-se uma variável crucial para essa equação dar certo. E, não à toa, muitos artistas vêm fazendo o mesmo.

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Um dos principais nomes da música e da moda, Ye (Kanye West) fará parceria com a Balenciaga, além de ser um dos nomes cotados para a diretoria de moda da Louis Vuitton, onde tinha destaque por ser um grande amigo do designer Virgil Abloh, falecido em 2021 | Foto: Evan Agostini/Invision/AP

Cada vez mais artistas saem do campo musical para seus próprios negócios (e isso não é um problema!)

É claro que Ye não é o primeiro (e nem será o último) a investir em sua própria marca. É impossível sequer tocar nesse assunto sem lembrarmos de Rihanna, que, após o lançamento da sua linha de maquiagens Fenty Beauty (e agora já abre espaço para Savage x Fenty, de roupas), não tem mais qualquer intenção de trabalhar afinco na música como antes do “Anti”, seu último álbum lançado.

O último nome de grande relevância a dar o pontapé nessa nova fase de artistas foi Ariana Grande, que lançou a R.E.M Beauty, focada em cosméticos e perfumaria. Antes dela, Lady Gaga fez um grande investimento no Haus of Gaga – se destacando no mercado por seu estilo excêntrico e subversivo; a cantora, além disso, também abriu espaço e se tornou atriz, faturando um Oscar por “Nasce uma Estrela” e agora briga por uma nova indicação por “Casa Gucci”.

A participação de artistas da música no mundo na moda é algo que, em 2022 e daqui para frente, será cada vez mais comum. Já tivemos BTS x Louis Vuitton, além de Måneskin x Gucci, e não será surpresa alguma essas collabs entrarem como parte da rotina de quem trabalha nesse meio. Isso deve ser motivo de alegria, mas cai com uma pontada de tristeza e nostalgia: é muito provável que, com essa migração de carreiras, cada vez mais a evasão de artistas que conhecemos há décadas comece a aumentar.

Isso não necessariamente é algo ruim. Quem sabe um dia ainda teremos um álbum novo de Rihanna para bater recorde de vendas. Ye já anunciou o “DONDA 2”, sem qualquer pretensão de abandonar seu projeto. Mas o fato é que não teremos esses ícones musicais trabalhando tão intensamente, embora nunca saiam do mainstream. 

A expectativa é que isso dê mais abertura para novos artistas florescerem, e os veteranos, por assim dizer, terem uma visão de evolução em suas carreiras. Isso nos dá a perspectiva de que uma banda, cantor, rapper ou qualquer outro tipo de artista não é mais bidimensional, limitado a somente uma caixinha de criatividade. Nos aproxima mais de universos que, até então, muitos de nós não tinham tanta curiosidade sobre, e gera mais inclusão e diversidade para esses novos trabalhos multitarefas – menos padronizados, e até mesmo mais “gente como a gente”. É mais um passo para a música fazer parte das nossas vidas, e mais intensa do que nunca.

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