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Recheado de participações, “Humanz” é um retorno em grande estilo

O ano de 2017 é marcado por alguns lançamentos bastante aguardados e um deles é, sem dúvida alguma, o álbum de retorno do Gorillaz, “Humanz”. Passados seis anos desde seu último trabalho (“The Fall”, 2011), o comentado ressurgimento do grupo veio recheado de participações especiais ao longo de 26 faixas e mais de uma hora de música (na edição deluxe – aqui analisada).

A primeira coisa que chama a atenção, depois de desencapar o material (afinal, um álbum com tantas faixas e participações já é, por si só, uma surpresa e algo muito singular nos dias de hoje), é a sonoridade. Uma imensa gama de elementos eletrônicos, sintetizadores e batidas programadas dão o tom de “Humanz”.

As primeiras faixas, “Ascencion” e “Strobelite”, trazem vozes em destaque, valorizando as participações de Vince Staples e de Peven Everett. Porém, aqui, surge o primeiro aspecto que desabona “Humanz”: a voz de Damon Albarn. A mente criativa por trás do Gorillaz tem em “Humanz” um papel mais de criador e menos de criatura. Esperar a voz do líder do Blur em “Humanz” é uma boa forma de se decepcionar, visto que em cada canção o protagonismo é do convidado, deixando a Damon – intencionalmente – o papel de coadjuvante.

Viajando por diversos estilos, como trip-hop, hip-hop, pop, música eletrônica e até dance music e soul music, “Humanz” é um oásis de criatividade em um momento onde a música pop soa cada vez mais padronizada. A estrutura das canções não é previsível e a escolha dos timbres é igualmente variada. Condensando tudo isso de maneira primorosa, a mixagem é a cereja do bolo: clara e criativa, a mix de “Humanz” (assinada por Stephen Sedgwick) leva o ouvinte a diferentes climas, jogando com elementos como posicionamento dos efeitos no espectro sonoro, reverbs ora contidos, ora exagerados, e privilegiando muito as vozes. Vozes, aliás, respondem pelo principal (e em muitos trechos único) elemento orgânico de “Humanz”. Também é elemento fundamental na sonoridade deste trabalho o simulador de vinil utilizado ao longo de todo o álbum. Um efeito bastante singelo, um detalhe pra lá de interessante que desperta um sentimento de familiaridade com alguns estilos de música que, em décadas anteriores, foram influência para o Gorillaz.

​O repertório é para todos os gostos, embora decepcione os fãs mais antigos pela carência (como foi falado anteriormente) do lado mais orgânico e que vem perdendo espaço ao longo da discografia do grupo. Quem buscar em “Humanz” aquele som que catapultou a banda ao sucesso em seu trabalho de estreia, certamente precisará de mais algumas audições – e um tanto de boa vontade – para reconhecer valor em “Humanz”. São duas propostas diferentes, cada uma brilhante à sua maneira. Quanto às composições, os destaques no repertório ficam por conta da excelente “She’s My Collar”, além dos singles “Saturnz Barz”, “We Got The Power” e “Andromeda”.

​Humanz é um dos grandes lançamentos do ano. Criativo, dançante, apresentando uma variedade de estilos e de interpretações ao longo de cada uma das canções, o novo álbum do Gorillaz tem os elementos necessários para quem estiver disposto a apreciá-lo com o frescor e o desprendimento que a banda apresenta ao longo da carreira.

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