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Titi Müller e o machismo que tenta ditar as nossas pautas

Não é de hoje que o feminismo incomoda, seja no seu emprego, na escola, seja na sua casa ou na mídia. É um movimento feito para incomodar e dar voz a quem sempre foi calada e menosprezada por não ser homem cis.

Recentemente, Titi Müller fez um discurso que agradou a muitos por sua coragem e destemor durante a transmissão do Lollapalloza 2017 pelo Multishow ao comentar o teor das músicas do DJ Borgore, taxando elas de machistas, misóginas e babacas. Depois desse episódio, a então ex-VJ da MTV ganhou ares de super heroína feminista e também ganhou muitos haters, entre eles pessoas públicas que insistem em uma cruzada sem fim contra o movimento de igualdade de gêneros.

Menos de um mês atrás, Titi voltou a ser alvo de haters no seu Twitter ao pedir opiniões sobre um nome para um programa feminista e sexy. Não tardaram a aparecer celebridades tentando desdenhar. Ontem, Titi foi indagada novamente no Twitter para tomar um posicionamento sobre a notícia de que Marcelo Freixo teve atitudes machistas com a ex-mulher e sobre agressões a mulheres feitas por Maduro, presidente da Venezuela.

Dadas as devidas proporções em ambos os casos, sim, é preciso denunciar e expor essas pessoas. O machismo invade a todos e em todos os países.

Mas a grande questão é: Titi tem que se posicionar sobre tudo o que acontece? É dela essa alcunha de defender a todo momento e de forma onipresente as mulheres? Na minha visão, devemos sim dar visibilidade ao máximo a todas as ações machistas que acontecem, mas realmente essa alcunha tem que cair em cima de uma única pessoa?

O que me incomoda em toda essa trama que mais parece novela mexicana não é o fato das ações acontecerem, pois sabemos que elas acontecem e muito. Mas é a tentativa de desmoralização de uma pessoa por defender o seu ideal. A luta feminista é sobre escolhas e liberdade. É sobre escolher quando e como agir e também sobre dizer não.

A sensação que tenho sobre o que acontece com Titi é uma tentativa de desmerecimento à pauta que ela defende e, aqui não falo de seus seguidores e de pessoas que acompanham o seu trabalho, mas dos haters que não perdem uma oportunidade para ofendê-la. Se ela não se posiciona: “nossa é fingida, não merece credibilidade, é arbitrária”. Mas ao se posicionar: “nossa feminazi, não sabe entender piada, o movimento feminista não atende a todo mundo”.

Se posicionando ou não sobre os temas, aqui estamos falando de liberdade e escolhas. Não é o seu machismo que vai definir o que ela pode ou não falar, sobre o que ela vai ou não se posicionar. É a liberdade que defendemos de não ter que se submeter às ordens estabelecidas pela sociedade machista brasileira.

Se é importante se posicionar sobre temas que atingem as mulheres? É. Mas essa responsabilidade cai apenas em cima de Titi? Não.

Aos críticos de Titi, se ela não fala, vocês reclamam. Se ela fala, vocês reclamam. No final não é sobre ela defender ou não o movimento que participa, mas apenas a necessidade de vocês em tentar ao máximo desacreditá-la perante a sociedade.

Eu sei que não deve ser fácil ver uma mina falando coisas que não querem aceitar , mas Titi tem liberdade para escolher suas lutas e quando deve falar. E essa é a verdadeira igualdade pela qual lutamos: cada um saber escolher pelo o que e o momento em que deve lutar. E não apenas por pautas ditas por pessoas que não querem agregar no movimento, mas só destruí-lo.

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