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Os 15 melhores álbuns internacionais de 2019

Por: Lucas Ribeiro e Giovana Bonfim

Em meio ao caos no cenário político, artístico e cultural que tivemos no mundo durante 2019, ainda bem que tivemos a música para nos salvar! Tivemos inúmeros lançamentos incríveis do início ao fim, sendo quase impossível de eleger os melhores lançamentos de álbum.

Depois de muito bater cabeça e martelar até chegar em um consenso, a equipe do Tracklist conseguiu reunir os 15 melhores álbuns internacionais lançados do ano. Continue lendo e saiba o porquê de cada uma de nossas escolhas!

15. “Sucker Punch” – Sigrid

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Lançado nos primeiros meses de 2019, e que felizmente ressonou até hoje, o primeiro álbum na norueguesa Sigrid, é um projeto bem redondinho. Com 12 faixas, o disco vai direto ao ponto, e conta com o pop em sua melhor forma. As narrativas são bem desenvolvidas, tem produções synthpop, inspiradas nos anos 90, mas que combinadas com elementos modernos e até um pouco alternativo, não deixam seu repertório datado. Outro elemento que valoriza ainda mais esse projeto é a personalidade vocal de Sigrid. O seu timbre é único, marcado principalmente pela rouquidão em sua voz, que é impossível não reconhecer. Quem é um forte amante de música pop não tem como não amar esse álbum. É pop perfection!


14. “Cheap Queen” – King Princess

King Princess mostra em seu primeiro álbum que não chegou à toa na indústria da música. Além de cantar em suas músicas, várias das montagens e produções também são suas. E mais um ganho para a comunidade LGBT: a cantora faz questão de deixar explícito em suas músicas que gosta de meninas. Experiências relatáveis para o público. King Princess é uma das outras revelações desse ano, com músicas mais ou mesmo no mesmo estilo de Clairo, por exemplo.


13. “Songs For You” – Tinashe

Após anos lutando por controle criativo em sua antiga gravadora, Tinashe lançou o seu primeiro álbum como artista independente, após romper com a sua antiga gravadora. Com a liberdade de fazer o que realmente acredita, a cantora conseguiu produzir um disco versátil, com influências que passam pelo r&b, trap e pop. Nas 15 faixas do projeto, Tinashe teve espaço de abordar mais a fundo os seus sentimentos, como em “Feelings” e “Save Room For Us”. Experimentar com estruturas e sonoridades, como em “Know Better”, uma faixa de quase 7 minutos de duração. O grande mérito é ver Tinashe fazendo música mais autêntica e verdadeira possível, e poder lançar um álbum com tantas variações de sonoridade e estrutura. Isso só comprova o seu talento e habilidade artística, que antes era pouco explorada pela a antiga gravadora.


12. “Dedicated” – Carly Rae Jepsen

“Dedicated” é possivelmente uma mescla entre os dois outros álbuns de Carly. Ela segue com ajuda de Jack Antonoff na produção, o que traz músicas bastante marcantes e dançantes. Seu pop é limpo, sem muitos cross-overs com o hip hop, por exemplo. Com um quê de anos 80 (típico de Carly!) e algumas faixas que poderiam facilmente entrar na trilha de algum musical. Sua sequência e perfeita e narra a história de um amor, começando pela sua fantasia e imaginação (“Julien”), e, acabando com término e o aproveito de si mesmo (“Party For One”).


11. “Igor” – Tyler, The Creator

Após o sucesso de “Flower Boy” (2017), Tyler se reinventou ao lançar “Igor”. O disco, que foi produzido inteiramente por Tyler, aborda em suas 12 faixas vários estágios do amor: se apaixonar, mergulhar em um relacionamento, até o término. O disco apresenta um R&B refinado, mas que aos poucos se mistura com o seu som mais experimental, e por vezes exagerado, no melhor sentido da palavra. É um grande marco na carreira de Tyler, ao mostrar que, no seu quinto álbum de estúdio, ele ainda tem muito a acrescentar na música, com criatividade em trazer sonoridades e estruturas completamente novas, e se manter relevante na indústria, sendo o mais autêntico possível. O disco foi aclamado pela critica, e Tyler teve pela primeira vez um álbum em primeiro lugar na Billboard Hot 200.  


10. “Madame X” – Madonna

Marcando o comeback em grande estilo, a rainha do pop apostou em novos ritmos, de vários lugares diferentes do mundo, para compor o seu décimo quarto álbum de estúdio. No disco, Madonna conseguiu usar gêneros musicais que estão em alta, como o Reggaeton, e trazer para o mundo de “Madame X”, de forma inventiva e criativa, sem cair nos tradicionais clichês da indústria. É também o seu projeto mais político, desde “American Life” (2003), ao abordar problemas na sociedade como o armamento, homofobia e machismo. Devido aos últimos anos que morou em Lisboa, a inspiração do disco foi a cultura portuguesa. Em várias faixas Madonna se inspira no famoso gênero musical fado, e até se arrisca no português, como na faixa “Crazy”. Ela retorna a dance music, com “God Control”, e até experimenta o funk carioca, com “Faz Gostoso”, parceria com Anitta. Foi um dos melhores álbuns que Madonna lançou nos últimos anos, e é uma pena que tenha sido esnobado no Grammy 2020.


9. “I Am Easy To Find” – The National

Um disco confortante de se escutar. No oitavo álbum da The National, a presença masculina deixa de ser o único objeto ao ter sempre em suas faixas backing vocals feito por mulheres. Com temáticas variadas, mais um álbum da banda que não deixa de ser impecável. Também para ele foi criado um mini filme.


8. “Late Night Feelings” – Mark Ronson

“Late Night Feelings” foi um dos álbuns mais subestimados do ano, sem sombra de dúvidas. Ronson, produtor de artistas como Bruno Mars e Amy Winehouse, trazia em seu projeto a decepção amorosa em diversas facetas. Protagonizado apenas por vozes femininas, traz o pop com uma vibe meio dançante. As protagonistas? Nomes como Lykke Li, Miley Cyrus, Camila Cabello, King Princess e Alicia Keys. Nada é tão muito profundo emocionalmente, mas ainda assim, músicas que deveriam ter sido MUITO valorizadas por sua ótima produção e combinação de elementos. Seus destaques vão para “Late Night Feelings” e “Nothing Breaks Like A Heart”.


7. “Social Cues” – Cage The Elephant

Social Cues” traz um lado da Cage The Elephant ainda não explorado antes. Seu primeiro single “Night Running”, conta com a parceria de Beck. A primeira parceria da banda desde seu primeiro álbum. Uma parte mais estética e nova é altamente mostrada: tons de vermelho, algo que dá sensação de macabro. Não à toa, uma das inspirações foi John Carpenter, famoso por fazer papéis em filmes de terror. Enquanto sites como a Rolling Stone e The Guardian classificaram como o melhor trabalho da banda, outros classificaram como um trabalho simples. Na nossa opinião, “Social Cues” não é o melhor trabalho da banda, mas também está longe de ser um trabalho esquecível ou ruim. É definitivamente um dos melhores do ano.


6. “Charli” – Charli XCX

Após duas mixtapes bem sucedidas e que consolidaram o seu estilo e som, Charli XCX lançou esse ano o seu aguardado terceiro álbum de estúdio, desde “SUCKER” (2015). A demora foi longa, mas veio no momento perfeito de sua carreira. O disco de 15 faixas conta com várias parcerias, entre elas as que se destacam são a de Pabllo Vittar, HAIM, Sky Ferreira e Christine and The Queens, que acrescentaram positivamente o disco. A sonoridade pop de Charli é algo que foi sendo construída e amadurecida em suas mixtapes anteriores. Por isso, ao ouvir esse novo projeto, o seu novo material já está muito bem desenvolvido e o menos óbvio possível. “Charli” traz músicas pop que ninguém faz igual, firmando a sua personalidade e criatividade única, ao ter espaço de experimentar com a PC Music, e até brincar com as estruturas musicais das faixas, como em “Shake It“. Outro grande ponto alto do álbum, é que em meio a faixas dançantes e de pista, Charli conseguiu fazer as suas músicas mais pessoais de sua carreira. Ela explora o seu lado sentimental, em “White Mercedes”, términos de relacionamento, em “I Don’t Wanna Know”, e até sobre a sua saúde mental, como em “Gone”, parceira com Christine and The Queens, sendo uma das melhores músicas do ano. O álbum prova mais uma vez que Charli XCX é um das cantoras pop de alta qualidade, a frente do seu tempo, e que não se limita a nenhum rótulo ou estrutura musical.  


5. “WHEN WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO?” – Billie Eilish

Ao lançar o seu primeiro álbum de estúdio, a cantora se provou e tornou-se a grande estrela do momento, ao amplificar toda a força e legião de fãs que veio acumulando nesses últimos dois anos de carreira. Suas músicas conseguiram ditar as paradas musicais, e mostrar que na indústria não tem exatamente uma formula de sucesso. Afinal, quem diria que “Bad Guy” estaria no topo das paradas? Com estética e sonoridade sombria, as músicas de “WHEN WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO?” são todas envolvidas nessa atmosfera sombria que o álbum se propõe, deixando muito claro que Billie sabe o que está fazendo e qual mensagem quer passar. É um disco completo, que consegue ser divertido, mas também retrata assuntos mais densos como o abuso de drogas e a depressão. Pensar que esse disco todo foi feito em sua casa, apenas com o seu irmão Finneas, por uma garota de apenas 17 anos, é genial e mostra cada vez mais a força da nova geração. Billie Eilish está indicada a seis categorias no Grammy 2020, incluindo o de Álbum do ano.


4. “Cuz I Love You” – Lizzo

Lizzo não foi a cantora mais nomeada do Grammy de 2020 à toa. Com sua voz inigualável, ela mostra em “Cuz I Love You” todas suas facetas. Seu talento com o rap, com as letras emocionais, com o quase soul cantado, e cantando pop. E até mesmo com a flauta em suas apresentações ao vivo. Um dos álbuns que fez a indústria mainstream da música valer a pena esse ano. Os destaques são “Cuz I Love You”, “Juice” e “Truth Hurts”. Lizzo apareceu no final da década, mas veio para ficar por um bom tempo se seguir com toda sua versatilidade mostrada em “Cuz I Love You”.


3. “Magdalene” – FKA Twigs

Após passar por um término de relacionamento e problemas de saúde, FKA Twigs consegue externalizar tudo isso, de forma poética e visceral, em seu segundo álbum de estúdio, “MAGDALENE”. A artista navega sobre todos esses tópicos de forma densa, e com uma narrativa hipnotizante, durante as 10 faixas do disco. É impressionante como cada música consegue representar e transmitir muito bem o sentimento que FKA quer nos passar. A artista faz uma reflexão e analogia com a personagem bíblica Maria Madalena. Por isso, a estética e ambientação das letras misturam elementos medievais, e ao mesmo tempo futuristas, com a produção experimental, eletrônica e R&B. Essas referências e combinações te fazem imergir no mundo de “Magdalene”, e presenciar as letras mais vulneráveis que a cantora já fez. O álbum se encerra com a faixa “Cellephone”, que além da letra emocionante, entrega vocais impressionantes de FKA, sem nenhum tipo de efeito vocal, quase que acapella. É o melhor trabalho da carreira, e uma das obras mais sensíveis do ano.


2. “thank u, next” – Ariana Grande

Cinco meses após “Sweetener” (2018), Ariana Grande lançou no início do ano o seu quinto álbum de estúdio, “thank u, next”. Quem acompanha a cantora sabe que esses últimos anos não foram fáceis, com o atentado ao seu show em Manchester, a morte de seu ex-namorado Mac Miller e a separação de seu ex-noivo Pete Davidsson. No entanto, Ariana viu na arte uma forma de poder se recuperar e curar. “thank u, next” reflete tudo isso e mostra o seu crescimento como artista e pessoa, elevando a sua carreira a outro patamar, com o seu trabalho mais maduro até o momento. Nesse disco é possível encontrar momentos de vulnerabilidade e proximidade a sua realidade, com composições sinceras, que antes ficavam escondidas nas superproduções de seus hits em sua carreira. Se antes o R&B era apenas uma influência em seu trabalho, Ariana usa ele dessa vez como protagonista, sem deixar as produções pop para trás.

Com essa era, a cantora emplacou três singles simultaneamente no Top 3 da Billboard, quebrando o recorde dos Beatles. Esse ano foi um grande marco para a cantora, e com “thank u, next”, Ariana Grande alcançou outro patamar em sua carreira e consolidou-se como uma das maiores artistas pop da nova geração. Ariana está indica a cinco categorias no Grammy 2020, incluindo na principal categoria da premiação, de Álbum do Ano.


1. “Norman Fucking Rockwell” – Lana Del Rey

“Norman Fucking Rockwell” foi uma das maiores surpresas do ano. Se antes ainda existiam os defensores de “não gosto de Lana Del Rey porque dá vontade de dormir”, isso acaba nesse álbum. Ele traz uma sonoridade variada, desde o que já estávamos acostumados vindo de Lana, até uma quase fazendo um rap em “Fuck it I Love You”. Ele também conta com grande ajuda de Jack Antonoff. Algumas de suas letras são altamente relatáveis. Não há uma canção ruim ou que não se encaixe no álbum. Os destaques são para “Doin’ Time”, “Norman Fucking Rockwell”, “The Greatest” e “Mariners Apartment Complex”.


Menções honrosas

HOMECOMING: THE LIVE ALBUM” – Beyoncé

A apresentação de Beyoncé no Coachella em 2018 foi um momento histórico, não só em sua carreira, mas na indústria da música. Por isso, “Homecoming” chegou esse ano no Netflix, documentando todo o processo de produção desse grande momento na cultura pop. Desde os primeiros processos de criação do conceito da performance até o grande dia da apresentação. Além desses bastidores, o documentário mostra o show na íntegra, o que foi um super presente para os fãs da cantora. Acompanhado do filme, Beyoncé disponibilizou em todas as plataformas de música, o álbum ao vivo da apresentação. Por se tratar de músicas que não são inéditas, escolhemos não incluir o álbum na lista. Mas é claro que não poderíamos deixar de citar, afinal não saiu do nosso repeat, e todo o seu repertório ganha ainda mais vida com novos instrumentais meticulosamente planejados para a apresentação.

Lover” – Taylor Swift

“Lover” não é de longe o melhor álbum de Swift, mas, teve sua importância. Foi o primeiro desde o “Reputation” em 2017 em que ela participou ativamente da divulgação, dando entrevistas e fazendo eventos promocionais. Taylor também aparece apaixonada e feliz em todas as canções, o que é algo que desejamos que continue. Em suas músicas, referências country voltam a aparecer, ainda que mescladas com o pop familiar produzido por Jack Antonoff e outros produtores. Sentimos que não podíamos deixar Taylor de fora dessa lista, uma vez que foi nesse ano eleita por diversos veículos como artista da década!

“Fine Line” – Harry Styles

Enquanto finalizávamos essa lista, Harry Styles lançou o seu segundo álbum de estúdio, “Fine Line”. Por isso, não poderíamos deixar de citar aqui nas nossas menções honrosas! Nesse novo trabalho, o cantor britânico consegue mesclar suas referências dos anos 80, se distanciando um pouco mais do seu primeiro disco, indo para uma direção mais pop e psicodélica. É um álbum com uma musicalidade refinada, cheia de personalidade, que consegue criar uma atmosfera própria e coerente. Atualmente Harry é um dos artistas masculinos que consegue entregar um trabalho com estética e conceito bem amarrados, firmando uma sonoridade original, e mesmo com muitas referências, ainda é muito moderna.

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