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Review: Lana Del Rey e o respiro alegre de “Lust For Life”

O sorriso de Lana Del Rey na capa do álbum “Lust for Life”, lançado na última sexta-feira (21), não é um mero capricho imagético. Depois de quatro álbuns (se contarmos o EP “Paradise”) ouvindo Lana cantar sobre temas tristes e obscuros, a cantora surpreende com uma temática – à sua maneira – veranil e alegre em seu novo trabalho.

Durante toda a carreira de Lana Del Rey, pudemos acompanhar o seu amadurecimento, tanto musical como enquanto personalidade. Esse amadurecimento, claro, se reflete nos seus trabalhos, e “Lust For Life” é um dos exemplos mais palpáveis dessa evolução.

O álbum é ainda, indubitavelmente, um álbum da Lana. Todos os elementos clássicos “Del Rey” estão presentes: desde o instrumental com referências sessentistas, no primeiro single, “Love”, até a temática nostálgica de “White Mustang”. Mas o que vem além disso é o que marca os passos evolutivos musicais da americana. Em uma entrevista recente para a NME, a cantora afirmou que seu novo álbum marca a despedida “de onde quer que seja que ‘Honeymoon’ e ‘Ultraviolence’ vieram”, e que, apesar de “amar esses dois álbuns”, se sentia “presa no mesmo ponto”.

Pela primeira vez, Lana se rende (e bastante) às participações especiais em seu álbum, faceta pouca ou nula nos trabalhos anteriores. Em “Lust For Life”, a cantora se alia a A$AP Rocky (com quem já havia trabalhado no vídeo de “National Anthem”) na dobradinha de “Summer Bummer” e “Groupie Love”, a The Weeknd na faixa-título, à grande Stevie Nicks em “Beautiful People Beautiful Problems” e ainda a Sean Ono Lennon em “Tomorrow Never Came”.

As participações incrementam o aspecto musical do álbum e complementam, bem colocadas, os vocais das canções. A voz de Lana casa com a de The Weeknd no vai e vem de “Lust For Life” e se completa nos versos que canta junto ao filho mais novo de John Lennon e Yoko Ono.

Liricamente, perdemos um pouco dos versos que contavam o passado e as experiências amorosas de Del Rey. Apesar disso, ganhamos uma Lana reflexiva acerca do presente, como a juventude atual cantada em “Love”, com “suas músicas vintage / Vindas por meio de satélites” e os festivais de música, como em “Coachella – Woodstock in My Mind”, em que a cantora observa “todas as coroas que eles usam / Em um cabelo tão comprido como o meu”.

A produção do álbum é mais sofisticada, e incorpora os melhores aspectos dos outros discos de Lana Del Rey. A batida com uma pegada hip hop, que já estava presente em “Off to the Races” e, mais recentemente, em “High By The Beach” toma força e aparece forte em certos momentos do álbum. Os violinos e pianos, outra marca-registrada das canções da americana, também dão as caras, em especial na bela “13 Beaches”.

Com seu novo trabalho, Lana se liberta, aos poucos, das amarras do nicho que ela própria criou. É um grato respiro que traz fôlego à imagem e a sonoridade da cantora. “Lust For Life” é, acima de tudo, um álbum de transição.

Ouça o álbum completo:

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