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Entrevista: Detonautas fala sobre turnê acústica comemorativa

Shows vão passar por São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Juiz de Fora e Belo Horizonte

Foto: @jvportugal

Em 2023, para comemorar as duas décadas de seu disco de estreia, o Detonautas gravou o DVD “20 anos – Acústico” (2023), que reacendeu neles a vontade de levar esse modelo desplugado para a estrada. Assim, a Detonautas Tour 20 Anos – Acústico foi idealizada para 2024. Em uma sequência curta de shows, a banda vai apresentar o formato inédito nos palcos das cidades São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Juiz de Fora e Belo Horizonte. Em entrevista ao Tracklist, Tico Santta Cruz, vocalista do Detonautas, conta mais detalhes sobre os preparativos dessa turnê especial, os 20 anos de carreira da banda e mais.

Confira entrevista com Detonautas sobre a “Detonautas Tour 20 Anos – Acústico (Foto: @jvportugal)

Entrevista: Detonautas fala sobre turnê acústica

Tracklist: A gente gostaria de saber mais sobre essa turnê comemorativa estão entrando agora. Como estão os preparativos? Vi que já estão nos ensaios e tal, como está essa correria?
Tico Santta Cruz:
A gente está super ansioso, porque já tem um ano que a gente gravou, que foi em fevereiro do ano passado. A gente lançou o produto em setembro, foi toda uma escalada de lançamentos que deixou a gente bem confortável para poder ir sentindo também como é que o público ia reagindo a esse trabalho que o Detonautas fez.

E agora é a hora de colocar a turnê na estrada. Ficamos ensaiando a semana passada inteira, de segunda até sexta, fazendo ensaios o dia inteiro, das 9 horas da manhã até 9 horas da noite. Foram 12 horas de ensaio por dia, que é um volume bem grande para você conseguir estar com tudo na mão direitinho. É um repertório que tem 23 a 24 músicas, que incluem faixas do primeiro acústico de 2009 até o acústico atual. A gente pegou as músicas mais famosas da banda, os hits e grandes sucessos, mas também as que os fãs gostam muito de ambos os álbuns, e colocamos nesse repertório. 

Agora falta menos de uma semana para a gente estrear em São Paulo, e a gente está com a sensação de que tudo está direitinho e ajustado, mas só vamos saber como é que as coisas vão acontecer no palco. Estamos muito felizes de poder começar a turnê em São Paulo!

Você comentou sobre o repertório. Ainda tem alguma música que vocês acham que é a mais marcante e emocionante de tocar ao vivo para os fãs?
Quando você está cantando sucessos, você ouve o público cantando junto, então são todas muito emocionantes, porque tem uma energia muito grande quando o público está interagindo de forma consistente, com volume, gritando, cantando… Você vê nos olhos das pessoas a alegria delas de estarem compartilhando desse momento.

Mas tem muitas canções desse repertório que são músicas que talvez não tenham tocado na rádio e tudo, mas que têm significados importantes na nossa carreira. Então, eu acho que, pela primeira vez, a gente vai ter uma experiência (em São Paulo, principalmente), de poder fazer um show grande, para um público grande, que é só o Detonautas e o público, que não tem outras bandas, que não é um festival, não é um show aberto de público, em uma praça… 

É um show de pessoas que estão saindo de casa para poder ir ver um repertório do Detonautas. Acho que a gente vai ter essa sensação de poder cantar todas as músicas, e todas as músicas serem cantadas junto com o público! E assim fica tudo muito mais emocionante, com certeza.

Ia perguntar sobre isso da preparação, pois é diferente preparar um show em festival de um evento mais voltado para os fãs, certo?
É uma construção, na verdade. O Detonautas sempre foi uma banda que esteve presente em muitos festivais. A gente faz muito show em praça pública. O Detonautas é muito requisitado para fazer shows no Brasil inteiro, então é um público muito misturado de pessoas que estão ali para assistir – no caso de festivais, outras bandas, e acabam assistindo ao Detonautas também – e isso é bacana, porque saem de lá se juntando a gente. O mesmo acontece nessas praças públicas.

Nós demos muita pouca ênfase na nossa carreira em fazer shows para os nossos fãs em lugares exclusivos, para que eles estivessem ouvindo o repertório inteiro. Então, agora é o momento que a gente está entendendo que estamos chegando nesse lugar, de poder estar com os nossos fãs em um ambiente onde estamos cantando as nossas músicas, fazendo o nosso repertório, e tendo em retribuição a atenção e o carinho deles com essas histórias que vamos contar no palco.

É muito legal poder fazer isso. Acho que agora é um bom momento porque já estamos bem mais maduros e com bem mais experiência para poder proporcionar um show ainda mais legal para todo mundo.

Como foi essa questão de saber qual seria o momento certo para fazer essa turnê, 20 anos depois do lançamento do primeiro álbum?
A gente vivenciou muitas experiências diferentes ao longo desses anos. Vivenciamos shows lotados, shows vazios. A gente vivenciou momentos em que a banda estava sendo bem falada, momentos em que estávamos sendo desprezados completamente… Então, viver de arte no Brasil, ou viver de arte no geral, é uma montanha-russa que todo mundo fala, que é uma coisa até meio clichê de se falar, mas só quem está sentado no carrinho que sabe como é quando você está de repente lá no topo da montanha, e de repente está lá embaixo, fazendo shows em lugares pequenos, sem estrutura, e então você começa a trabalhar de novo, fortalecer novamente e voltando a grandes lugares, grandes públicos e tudo.

O Detonautas está em um momento em que conseguimos alcançar a maturidade musical e emocional. Estamos em um bom momento de grandes públicos. E aí eu acho que quando se chega nesse lugar, é o lugar de você estabelecer, se estabilizar e conseguir manter uma linha, digamos assim, menos intermitente. Você conseguir ir em uma regularidade de grandes públicos, grandes lugares, casas com estruturas. De você, enfim, alcançar o que todo mundo sonha em alcançar – e que não se alcança tão rápido assim. Você pode até chegar no sucesso rápido, mas você não sustenta uma carreira rápido. Você precisa ter conteúdo, ter história, ter público, precisa ter um monte de coisas que só o tempo mesmo que vai te oferecer.

Então, quando eu falo para você que eu acho que é o momento certo é porque, depois de 20 anos de fato, a gente tem uma consistência que eu posso considerar que é uma consistência que nos dá uma tranquilidade para poder, agora, caminhar mais junto com o nosso público e construindo esses lugares para que todos os nossos fãs, do Brasil inteiro, possam usufruir desse repertório, dessa cenografia, porque é uma estrutura totalmente diferente, muito maior, mais objetiva para esse tipo de espetáculo. É legal você conseguir alcançar esse lugar. É uma vitória para a gente.

Falando sobre esses altos e baixos, você diria que é uma das principais lições que foi aprendida durante todos esses anos de carreira, consolidando-se como uma importante banda do rock nacional?
Acho que a vida mostra para todo mundo que é no baixo ali que você vai ter que se reinventar, fazer uma revisão de si mesmo, vai ter que reaprender, recriar, usar a sua criatividade para conseguir sair. Então, nesses momentos em que você está em um lugar mais baixo da sua trajetória, você só vai sair dali se você for capaz realmente de se reerguer. É ali embaixo que você tem que parar e falar: “O que não está dando certo? O que eu preciso melhorar? O que eu preciso fazer para conseguir revitalizar e retomar o meu espaço?”.

Se você consegue subir – é claro que, quando você é mais jovem, esses altos e baixos têm uma tendência maior de acontecer, porque você está, talvez, vivendo as coisas de uma forma muito imediatista. Quando você vai ficando mais maduro, você vai começando a ver as coisas de uma forma mais ampla, e aí eu acho que te dá uma capacidade melhor de recalcular rota, de fazer coisas de uma maneira mais consistente e, obviamente, de se estruturar melhor.

O Detonautas hoje tem uma estrutura grande por trás da gente, que não é só a banda na estrada. A gente tem toda uma estrutura que a gente construiu principalmente para esse acústico. É um aprendizado muito grande não só na parte musical, mas na parte do business também, da administração desse negócio, e isso faz toda a diferença no final. 

Entrevista: Detonautas fala sobre turnê acústica comemorativa (Foto: @jvportugal)

Por fim, quer deixar um recado convidando as pessoas para assistir aos shows da turnê?
Eu quero muito que as pessoas estejam junto com a gente nesse momento! Estamos com cinco datas já agendadas, que são: São Paulo no dia 2 de março; depois dia 22 de março em Curitiba no Guairão, que vai ser bem legal também, é um público que sempre foi muito fã do Detonautas e que a gente esteve bastante longe nos últimos anos; depois disso a gente faz Rio de Janeiro (com ingressos esgotados) e no mesmo lugar que gravamos o DVD; de lá a gente faz Juiz de Fora e depois Belo Horizonte, que está bem encaminhado para esgotar.

Acho que são oportunidades únicas do público assistir a esses shows, porque é uma turnê com data para começar e data para terminar. E é uma oportunidade também de ver a banda se apresentando nesse formato acústico que é um formato que fez muito sucesso nas plataformas de streaming e que não foi para a estrada em 2009. Estamos juntando 2009 com 2023 e vamos fazer um grande show aí para todo mundo celebrar com a gente esses 20 anos.


Para saber mais sobre as datas e como comprar ingressos para os shows citados na entrevista, confira o serviço da turnê acústica do Detonautas:

SERVIÇO – Detonautas Tour 20 Anos – Acústico

  • 02/03 – São Paulo, Tokio Marine Hall
  • 22/03 – Curitiba, Teatro Guaíra
  • 30/04 – Rio de Janeiro, Teatro Riachuelo (esgotado)
  • 03/05 – Juiz de Fora, Cine-Theatro Central 
  • 04/05 – Belo Horizonte, Palácio das Artes
  • Ingressos: https://www.detonautasacustico.com/